Sim ao financiamento público, para combater a corrupção na política
Por Leonardo Monteiro*
abaixo assinado pela reforma política |
As recentes manifestações populares de julho demonstraram que grande parte da população perdeu a confiança na política. Neste momento cabe a nós, que fomos eleitos pelo voto da população, resgatar a credibilidade da atuação dos políticos. É dever de todos os deputados, vereadores, prefeitos, senadores, governadores e da presidenta da República. Temos que contribuir para isso, porque a política é o instrumento para melhorarmos nossa comunidade, nosso estado e nosso país. Mas para que a população se sinta representada pelos ocupantes de mandatos legislativos e executivos, precisamos aperfeiçoar nosso processo democrático, e isso só ocorrerá com a Reforma Política e o financiamento público das campanhas eleitorais.
O financiamento público é uma excelente oportunidade para atingir o ponto onde começa a corrupção: ao aceitar dinheiro para fazer campanha, o político assume um compromisso implícito de defender os interesses de quem “pagou” por sua eleição. Um mandato não pode nascer já comprometido dessa maneira, porque já nasce corrompido e propenso à corrupção. O eleitor, ao confiar seu voto a determinado político, na maioria das vezes desconhece quem são os financiadores da campanha, e vota com a crença de que o candidato de sua preferência será um defensor de seus interesses – e é uma crença equivocada, pois o eleito defenderá, em primeiro lugar, os interesses de quem financiou sua eleição. Precisamos de mais transparência no processo eleitoral, para garantir um combate mais concreto à corrupção.
O atual modelo de financiamento, com poucos limites ao uso e ao abuso de recursos privados nas campanhas, privilegia o poder econômico e também afeta a representatividade, inibindo a renovação de lideranças políticas. Um líder comunitário, um sindicalista, ou qualquer pessoa de origem popular que deseja ingressar na atividade política, sofre com a concorrência desleal de candidatos já com carreira política e que possuam apoio de grandes empresários – que, novamente, “cobrarão a fatura” de seus apoiados, uma vez que eles vençam as eleições. Com o financiamento público, todos os candidatos ter ão o mesmo limite de gastos para suas campanhas, e é preciso que esse limite esteja bem abaixo dos atuais valores (muitas vezes, exorbitantes) gastos nas campanhas. O voto do eleitor deve ser influenciado pela qualidade das propostas dos candidatos, não pelos volumes aplicados em marketing e propaganda.
* Leonardo Monteiro é deputado federal e coordenador da bancada do PT de Minas Gerais na Câmara.